Brasília - A Presidenta Dilma Rousseff fez por volta das 19h do horário de Brasília desta sexta-feira, um pronunciamento à Nação em cadeia nacional de rádio e TV, por ocasião do Dia Internacional da Mulher.

Leia o pronunciamento na íntegra:

Queridos brasileiros, queridas brasileiras,

Hoje, Dia Internacional da Mulher, é uma data ideal para uma presidenta falar com suas irmãs brasileiras, de coração aberto, de mulher para mulher.

Sinto alegria de chefiar um governo que tem o maior conjunto de programas de apoio à mulher na nossa história. Mas sei que governo e sociedade precisam fazer muito mais para a valorização plena da mulher.

Não é exagerado dizer que cada mulher ainda tem algo a dever a si mesma, e cada homem tem algo a dever à mulher que está a seu lado. Nós, mulheres, vamos continuar em dívida com a gente mesmo se aceitarmos passivamente certa herança negativa que ainda temos sobre os ombros. Cada homem vai continuar em dívida consigo mesmo se não olhar com igualdade, com respeito e com amor sua mulher, sua mãe, sua irmã ou sua filha. A luta pela valorização da mulher é, portanto, um dever de todos: brasileiras e brasileiros de todas as classes, de todos os credos, de todas as raças e de todas as regiões do país.

Minhas irmãs brasileiras,

Minha chegada à Presidência significou um momento único de afirmação da mulher na sociedade brasileira. Não esqueço isso um só minuto, e sei que nenhuma de vocês esquece disso quando olha para mim. Minha eleição reforçou, em alguns setores da sociedade, uma tendência de enaltecimento da força da mulher. Não podemos aceitar o falso triunfalismo, mas também não devemos nos render ao amargor derrotista.

Sei que uma mulher que chegou à Presidência com milhões de votos de brasileiros e de brasileiras não poderá jamais ter uma atitude ressentida contra os homens. Mas sei, muito especialmente, que uma presidenta não pode ter uma política tímida, ultrapassada e meramente compensatória para as mulheres.

Hoje somos, no Brasil, 97 milhões de mulheres, ou seja, 51% da população. Quarenta por cento das nossas famílias são chefiadas atualmente por mulheres, quando, dez anos atrás, não passavam de 25%.

Nos últimos anos, a taxa de desemprego feminino vem caindo com mais força, mas ocupamos apenas 45% das vagas de trabalho disponíveis, e continuamos recebendo menos que os homens pelo mesmo trabalho realizado. Isso tem que melhorar.

O pior é que, em certas circunstâncias, a mulher continua sendo a mais pobre dos pobres, a mais sofredora entre os sofredores. Mas até aí nos surpreende a força da mulher, porque mesmo quando está em uma dura condição de pobreza, a mulher é a principal mola de propulsão para vencer a miséria. Sabe por quê? Porque ela é o centro da família. Porque quando uma mulher se ergue, nunca se ergue sozinha, ela levanta junto seu companheiro, ela levanta junto seus filhos, ela fortalece toda a família.

Vem daí a importância que damos à mulher, nos nossos programas sociais. Noventa e três por cento dos cartões do Bolsa Família estão, por exemplo, em nome de mulheres, são mais de 19 milhões de mulheres que vão ao banco todo mês buscar e administrar recursos para ajudar no sustento da família. Quarenta e sete por cento dos contratos da primeira etapa do Minha Casa, Minha Vida foram assinados por mulheres. Esse percentual será ainda maior no Minha Casa, Minha Vida 2. Nele, a escritura dos apartamentos populares será feita em nome da mulher.

Minhas amigas e meus amigos,

A mulher é um ser empreendedor, precisa, portanto, de oportunidades. A mulher é uma pessoa, antes de tudo, dedicada e trabalhadora, precisa, portanto, de emprego e de capacitação para o trabalho. Temos estimulado programas de capacitação, microcrédito e igualdade no emprego. Temos procurado apoiar a luta das mulheres em todas as áreas, sejam elas cientistas, profissionais liberais, operárias ou empregadas domésticas.

O Programa Mulheres Mil está garantindo formação profissional e tecnológica para a inserção de milhares de mulheres no mercado de trabalho até 2014. E para dar mais autonomia de trabalho às mães pobres do Brasil, estamos construindo, até 2014, seis mil novas creches e pré-escolas.

A mulher é, por natureza, fonte de vida e de energia, mas para cumprir este destino, ela precisa de boa saúde. O nosso governo tem dado, e vai continuar dando, uma atenção toda especial à saúde da mulher e da criança. Criamos o Rede Cegonha, que já beneficiou 930 mil gestantes, em mais de 1.500 municípios. Para atingir esta meta já liberamos R$ 452 milhões para a assistência materno-infantil.

Em 2011, foram realizadas 20 milhões de consultas pré-natais pelo SUS, um aumento de 133% em relação ao ano de 2003. No ano passado, as gestantes e as nutrizes de baixa renda passaram a ser beneficiárias do Bolsa Família. Em apenas cinco meses, 241 mil delas já foram beneficiadas.

Temos conseguido bons resultados também com os programas de prevenção e diagnóstico do câncer do colo de útero e de mama.

Minhas amigas e meus amigos,

Em todo o mundo a voz da mulher se sobressai na defesa da paz, do amor e da justiça. A mulher brasileira merece, portanto, cada vez mais, justiça, amor e paz. E isso deve começar em cada lar.

Desde 2006 temos, na Lei Maria da Penha, um instrumento poderoso para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Há poucos dias, o Supremo Tribunal Federal fortaleceu o combate à violência doméstica ao decidir que se um homem agredir uma mulher será processado, mesmo que ela não apresente denúncia e mesmo que ela retire a queixa.

Nesta área, o governo federal está fazendo também a sua parte. Ainda este ano vamos ampliar para 1.100 unidades os serviços de atendimento à mulher em situação de violência. E vamos reforçar o Pacto Nacional pelo Enfrentamento da Violência contra a Mulher que já articula, com êxito, ações nos 27 estados brasileiros.

Minhas irmãs brasileiras,

Quero estreitar cada vez mais os laços entre nós. Quero, antes de tudo, que vocês sejam os olhos e o coração do meu governo, sejam a minha voz e o meu ouvido. Porque você, minha irmã, é quem mais sente na pele as deficiências do serviço público: quando leva seu filho ao hospital, você vê como está o atendimento de saúde; você acompanha a escola do seu filho; você vê no supermercado se o preço da comida está subindo; você sente medo nas ruas escuras, quando volta do trabalho sozinha, sem segurança.

Quero abrir vários canais de escuta da população, em especial com as mulheres. Pedi ao Ministério da Saúde que, a partir de agora, telefone para todas as parturientes que foram atendidas pelo SUS e perguntem o que elas acharam do atendimento. Quero saber de tudo para melhorar, para poder estimular o que está bem e corrigir o que está mal.

Vou ter também, no meu gabinete, monitores ligados a câmeras, para que eu e meus assessores possamos ver como está o atendimento nos principais hospitais e como vai o andamento das grandes obras. É assim que nós, mulheres, gostamos de cuidar das coisas: vendo todos os detalhes, tintim por tintim.

É fundamental que todas vocês me ajudem nesse trabalho. Acreditem, como eu acredito, que a participação é o melhor caminho para mudar o país. Participem da vida do seu bairro, da sua cidade, do seu estado e da sua nação. Se mobilizem. Já disse que este é o século das mulheres, mas não é o século das mulheres contra os homens, é o século da mulher trabalhando ao lado do homem, de igual para igual, batalhando com fé e amor por sua família e por seu país.

Viva o Dia Internacional da Mulher! Viva a mulher brasileira!

Obrigada. Boa noite.